Há pouco mais de mês como prefeita de Lages, Carmen Zanotto é a primeira mulher a assumir o cargo na cidade serrana. A prefeita concedeu entrevista à redação da NSC/Lages, a qual reproduzimos na íntegra, sem edição nem cortes
Como avalia esses primeiros 30 dias à frente da Prefeitura de Lages?
— Primeiro, a gente está fazendo toda a parte dos levantamentos, da parte contábil de cada uma das secretarias: o que ficou de dívidas a curto e a longo prazo. Estamos trabalhando no funcionamento e regularização de cada órgão.
— Com relação às pastas, estamos atuando pontualmente em questões fundamentais para a gestão do município e para a nossa população, como a limpeza da cidade. Estamos fazendo toda a roçada, capina e limpeza dos acessos da cidade e dos bairros. Também estamos fazendo operações de recapeamento e tapa-buracos em algumas ruas, além de patrolamento e cascalhamento nas ruas não pavimentadas. Temos muito serviço pela frente, mas a equipe está trabalhando com muita intensidade.
E o que mais te surpreendeu nesse início de gestão?
— O lixo espalhado. Vamos precisar fazer um trabalho muito grande com os nossos moradores de rua. Encontramos de tudo: desde armas brancas escondidas embaixo de arbustos até excesso de materiais como roupas e sacos acumulados. Precisamos tratar essa questão com atenção.
— O mato e os buracos já eram situações conhecidas, mas estamos enfrentando tudo com muita determinação. A equipe está motivada e isso faz diferença.
E como é que é, na prática, ser a primeira mulher a assumir Lages, uma cidade que tem tanta tradição?
— A minha vida toda eu tive desafios. Eu fui a primeira enfermeira e secretária municipal de saúde, eu fui a primeira mulher secretária de Estado da Saúde. Então, eu sempre tive muito respeito do conjunto dos homens, e tenho sentido muito apoio e respeito por parte de todos.
Algo na administração municipal que te surpreendeu positivamente?
— Positivamente, vejo a equipe muito engajada. Tanto os novos colaboradores quanto os trabalhadores que já estavam no município estão com muita vontade de fazer a diferença. A população também tem demonstrado esse espírito.
— Quando limpamos uma rua, as famílias já começam a cuidar de seus jardins e melhorar suas estruturas. Isso acontece tanto nas residências quanto nos setores produtivo, industrial e comercial, que estão muito engajados nessa transformação da cidade.
O que mudou na sua rotina assumindo a prefeitura?
— Na minha rotina pessoal, nada mudou. Sempre trabalhei muito cedo e retornava tarde. A diferença é que antes eu voltava para um quarto de hotel ou apartamento, sozinha. Agora, volto para casa, onde moro com minha irmã e meu irmão.
— A carga horária de trabalho continua intensa. Trabalho aos finais de semana, à noite, e sigo fortalecendo relações institucionais, tanto no município quanto fora dele. É trabalho, trabalho, trabalho!
Quais foram as principais ações nestes primeiros dias, especialmente na educação e na saúde?
— Na educação, conseguimos convocar todos os professores aprovados no processo seletivo para iniciar o ano letivo com as salas completas. Além disso, estamos realizando a limpeza, roçada e higienização das escolas.
— Na saúde, estamos organizando o chamamento público para médicos das unidades básicas e reforçando as equipes. Precisamos organizar melhor o fluxo de atendimento, fortalecer o atendimento básico das famílias e garantir o trabalho em equipe multidisciplinar.
Como pretende manter a gestão transparente e participativa?
— Nossa orientação para a equipe de comunicação é clara: precisamos levar informações à população e agir rapidamente para resolver as demandas que recebemos. Eu sempre fui assim, muito aberta, e essa orientação a gente também repassou para toda a nossa equipe. Mesmo nos momentos mais difíceis que a gente viveu, como foi o caso da pandemia ou dos desastres naturais, eu nunca me omiti de dar as informações.
— Agora, nós estamos trabalhando com a reforma administrativa, que deverá ser apresentada ao conjunto dos vereadores e deverá ser apreciada tão logo a Câmara retorne aos trabalhos, em fevereiro.
— Além de ter essa abertura com a população, com os veículos de comunicação, queremos manter uma relação de transparência com todos os poderes. Eu já estive duas vezes no Ministério Público e com os demais órgãos de controle externo. Trabalhar e mostrar as questões também para o controle externo e para o nosso legislativo é fundamental.
Quais conquistas destes primeiros dias te deixam mais orgulhosa?
— A adesão da população à limpeza da cidade. Essa ação está resgatando a autoestima dos moradores e motivando o engajamento de todos. Quem visita Lages ou vive aqui quer ver uma cidade bonita.
E quanto à Festa do Pinhão? Quais são as suas expectativas para este ano e os próximos?
— A nossa equipe já está trabalhando com relação à Festa do Pinhão, à Sapecada da Canção e ao Recanto do Pinhão. Nos próximos dias, o edital da festa já deverá estar publicado.
— Não tem como a gente fazer uma festa totalmente diferente daquilo que vinha acontecendo. Então, a manutenção dos shows nacionais e o fortalecimento gradual daquilo que é a nossa tradição, com certeza, vão acontecer.
Para encerrar, como você imagina Lages no final do seu mandato?
— Eu imagino uma cidade em que as pessoas gostem de continuar morando aqui, que a gente tenha uma educação de qualidade e que supere as médias nacionais. Quando a gente pensa na educação, estamos pensando no hoje das nossas crianças e no futuro delas.
— Uma cidade em que as pessoas tenham mais acesso às ações de saúde, com uma boa mobilidade urbana e com as empresas de Lages investindo cada vez mais, gerando emprego e renda.
Fonte: NSC redação/Lages
Fotos: Comunicação Social/PML
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